sábado, 12 de maio de 2018

Filme – O Grande Ditador (The Great Dictator, 1940)
maio 12, 2018

Filme – O Grande Ditador (The Great Dictator, 1940)

Oi pessoal! Dando continuidade ao Chaplin aqui no blog, depois de Tempos Modernos, agora é hora de falar de outro grande filme ''O Grande Ditador'' (The Great Dictator, no original) lançado em 1940. Há 78 anos o filme foi lançado e revelou-se uma obra de arte relevante sobre o mundo, feita por um artista que viu no humor e no sarcasmo armas eficazes contra a intolerância.

No filme, Charles Chaplin nos apresenta uma destruição cômica da imagem de dois grandes líderes da época, e que têm hoje lugares reservados na ala mais sangrenta e desumana da história: Adolf Hitler e Benito Mussolini

Chaplin nos apresenta Hitler como o ditador Adenoid Hinkel (interpretado pelo próprio Chaplin, com maestria), líder da fictícia Tomânia (país fictício com referência à Alemanha). Mussolini é aqui Napoloni, líder da não menos fictícia Bactéria. Como na própria história, Napoloni é um coadjuvante para as sandices de Hinkel.

The Great Dictator

O ditador Adenoid Hinkel ama a sua própria imagem. Mantém um pintor e escultor de plantão para atualizar a sua figura nas vezes em que entra num dos aposentos. Adaptou a Vênus de Milo e o Pensador para a sua estética totalitária (ideia maravilhosa). 

Os discursos de Hitler recebem aqui tradução cômica não menos do que genial. Chaplin concentra-se na peculiar sonoridade que fez o mundo (até hoje, talvez para sempre) associar a língua alemã a algum tipo de agressividade não menos do que animalesca na sua produção de sons via Adolph Hitler (“Hinkel acaba de se referir ao povo judeu”, nos informa um tradutor). Voz e expressão corporal poucas vezes foram tão bem utilizadas no cinema.

Num segundo papel, Chaplin aparece como o “barbeiro judeu”, personagem que apresenta traços do seu famoso “vagabundo” (bigode, chapéu, bengala), aqui ele fala pela primeira vez. 

Sofrendo de amnésia por causa de sua participação da Primeira Guerra, onde mostrou-se absolutamente incompetente na operação de uma bateria anti-aérea, “o barbeiro” vive sua vida sem entender muito bem os desenvolvimentos políticos que irão afetar a todos. 

Interessa-se por Hannah (Paulette Goddard, esposa de Chaplin na época) e vê a perseguição aos judeus aumentar em violência dentro do gueto onde vive. Sua semelhança física com Hinkel nos levará a uma corajosa sequência final que só um grande artista, ciente do seu poder de comunicação e do estado político do mundo na época, seria capaz de realizar. É o cinema utilizado como arma, e que usa na lapela um gigantesco “Não” à guerra e à intolerância. 

Ao assistir o filme, é bom lembrar que Chaplin estava tentando acostumar-se ao “cinema falado”, linguagem ainda estranha para ele já na segunda metade da década de 30 (o som foi introduzido na virada dos séculos 20 para os 30). Seu filme anterior, Tempos Modernos (Modern Times, 1936), foi sua última investida no formato “mudo”, embora trouxesse trilha musical. O Grande Ditador é falado, mas muito do seu impacto vem da marca inconfundível de Chaplin como artista de impressionante expressão corporal.

The Great Dictator

Se colocarmos o filme no contexto histórico, O Grande Ditador é não apenas um festival de gargalhadas criadas por um gênio, mas também uma obra de impressionante visão. O filme começou a ser rodado em 1938, quando Hitler era ainda a “grande promessa” de destruição, embora o mundo não tivesse ideia do quanto ele seria capaz. Com o fim da Segunda Guerra, em 1945, o legado de destruição e morte do regime nazista foi lentamente revelado e, hoje, temos real dimensão desse legado. Chaplin, no entanto, percebeu a importância anos antes. 

Bancou O Grande Ditador do próprio bolso, pois era um dos artistas mais ricos de Hollywood. Bancou sozinho porque ninguém quis associação com o projeto, particularmente estúdios, em grande parte dirigidos por judeus. Alguns temiam que o filme fosse capaz de irritar o regime nazista ao ponto de piorar ainda mais a situação de perseguição aos judeus europeus. Outros não queriam qualquer tipo de envolvimento político, nos Estados Unidos que ainda tentavam se manter neutros (os norte-americanos só entraram na guerra em 1941).

Chaplin, que filmou em regime secreto, sofreu todo tipo de pressão para que abandonasse o projeto, particularmente dos representantes alemães em Washington e Los Angeles. Redes exibidoras (curiosamente, também nas mãos de judeus) ameaçaram boicotar o filme. Foi o governo de Roosevelt que interveio e garantiu-lhe espaço aberto. 

Vale saber que Hitler e Chaplin nasceram na mesma semana, no mesmo mês, no mesmo ano (abril de 1889). Ambos vieram da mais absoluta pobreza e conquistaram tipos bem diferentes de poder junto às massas. Ambos tinham como marca registrada peculiares bigodes. Os dois também eram artistas. Hitler, no entanto, não desenvolveu seu talento para a pintura. Já Chaplin tornou-se renascentista em pleno Século 20, e pelo bem ele será sempre lembrado.

Enfim, O Grande Ditador é muito rico em conteúdo. As sátiras e críticas à guerra e ao autoritarismo estão presentes em suas cenas e em suas personagens. No entanto, uma das cenas mais marcantes e importantes do filme está no discurso final. Por ser seu primeiro filme falado, Chaplin aproveitou para deixar ao mundo um recado que ressoa até nos dias de hoje.


O que mais impressiona é o fato de que a humanidade evoluiu muito pouco daquela época para o agora (cerca de 78 anos depois das filmagens do filme). Os desejos expressos àquela época ainda são os mesmos. Ainda tenho esperança que sim. Vou ficando por aqui, até a próxima.

5 comentários:

  1. Nunca assisti esse filme, mas parece ser bem interessante...
    Gostei da dica e do que disse no post :)

    https://heyimwiththeband.blogspot.com.br/

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  2. i've never seen this before but i bet this is interesting to watch!

    xoxo, rae
    http://www.raellarina.net

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  3. Hoje e sempre um marco na história do cinema.
    Aquele abraço, boa semana

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  4. Ainda não assisti esse filme, mas fiquei com vontade.
    Boa semana!

    Jovem Jornalista
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    Até mais, Emerson Garcia

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  5. Olá Walter! Tudo bem?
    Não conhecia esse filme, mas imagino o quanto ele contribuiu para a história cinematográfica do mundo. Com certeza vale a pena assisti-lo.
    Já estou te seguindo.
    Conheça meu blog:
    ~ miiistoquente

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